As Pleiades são ninfas da água da mitologia grega, filhas de Atlas e Pleione, mas também constituem um notável grupo estelar, na constelação de Touro, denominado M45: Maia é uma estrela azul gigante, denominada estrela de Mercúrio-Manganésio pelo destaque espectral da sua luz no elemento Mercúrio (e outros). Maia é ainda a mais velha das 7 irmãs, e é algumas vezes confundida com Gaia, e o nome grego pode ser associado a mãe. Ela é conjuntamente com Jupiter (Zeus) mãe de Mercúrio (Hermes) na mitologia greco-romana.
São um aglomerado estelar aberto com cerca de 1000 estrelas, situado a 440 anos-luz do Sol, na constelação do Touro. É o conjunto de estrelas mais brilhante do céu, e até 14 delas podem ser vistas a olho nu, dependendo das condições. O aglomerado é muito recente, suas brilhantes estrelas azuis formaram-se nos últimos 100 milhões de anos. As de maior brilho são: Electra, Celaeno, Taygeta, Maia, Merope, Asterope, Alcyone, Atlas e Pleione.
Uma nebulosa envolve o conjunto, e acredita-se que esta nuvem de gás e poeira está cruzando o aglomerado, não faz parte dele. O que me despertou a curiosidade sobre as Plêiades foi um texto que encontrei em um site esotérico, e que se repete em muitíssimos outros sites e blogs do mesmo tipo, com pequenas variações e acréscimos. Vou citar apenas os pontos essenciais, que geralmente constituem o início dos textos.
1- Quatro astrônomos, Friedrich Wilhelm Bessel, Paul Otto Hesse, José Comas Sola e Edmund Halley, depois de estudos e cálculos minuciosos descobriram que o Sol orbita em torno de Alcyone, e que esta órbita é percorrida em um período de 26.000 anos. O Sol seria portanto a oitava (!) estrela das Plêiades (em alguns textos o Sol seria a sétima estrela).
2- Descobriu-se também que Alcyone é rodeada por um gigantesco anel de radiação que foi chamado de cinturão de fótons. Em alguns textos aparece como disco de radiação, cinturão de luz ou anel manásico.
3 – O cinturão de fótons é um fenômeno astronômico comprovado, foi percebido pela primeira vez em 1961, através de satélites. Em alguns textos aparece a afirmativa que os primeiros astronautas detectaram uma radiação misteriosa, desconhecida da Ciência.
4- Um fóton consiste na decomposição ou divisão do elétron, sendo a mais ínfima partícula de energia eletromagnética.
5- O Sol ao percorrer sua órbita de 26.000 anos (acompanhado por seus planetas) mergulha periodicamente no cinturão de fótons, o que ocasiona transmutação da matéria, e os seres humanos se transformam em uma nova raça, mais espiritualizada. A humanidade entra em uma Nova Era.
A partir daí os textos passam a descrever as características da humanidade transformada, nossa vida na Nova Era, advertem sobre catástrofes que ocorrerão até lá, e ensinam como devemos nos preparar espiritualmente para esta “transmutação” tão próxima. Em suma, o usual nos textos de cunho esotérico. O que nos interessa analisar não são essas fantasias subseqüentes, e sim os cinco pontos mencionados.
PONTO 1
Comecemos pelos nomes citados, três deles são realmente de astrônomos:
Edmund Halley = britânico, também matemático (1656-1742)
Friedrich Wilhelm Bessel = alemão, também matemático (1784-1846)
José Comas Sola = espanhol (1868-1937)
Nenhum dos três jamais se envolveu em qualquer estudo ou hipótese de uma possível órbita do Sol em torno de Alcyone. Halley e Bessel estudaram as Plêiades, mas seus estudos foram voltados para o movimento próprio de suas estrelas, o que nada tem a ver com as idéias de Paul Hesse.
Paul Otto Hesse = escritor esotérico alemão, publicou em 1949 um livro intitulado “Der Jüngste Tag” (The Recent Day) em que apresentou suas idéias sobre o Sol orbitando Alcyone e o cinturão de fótons. É possível que neste livro ele tenha citado de forma abusiva os três astrônomos. Em um dos textos que encontrei, afirma-se inclusive que Hesse recebeu o Prêmio Nobel de Ciência!
Portanto, nenhum astrônomo jamais calculou qualquer órbita de 26.000 anos, do Sol em torno de Alcyone, foi tudo imaginado pelo escritor alemão.
Nosso sistema solar tem de 4,5 a 5 bilhões de anos, como poderia orbitar uma estrela que não tem mais de 100 milhões de anos? Todas as estrelas da nossa galáxia se movem, assim como o nosso Sol. Algumas se afastam de nós, outras se aproximam, os astrônomos já determinaram que o Sol segue na direção aproximada da estrela Vega, da constelação da Lira.
PONTO 2
A existência do anel de radiação em torno de Alcyone jamais foi confirmada pela Astronomia, ele existe somente no livro de Paul Hesse e na imaginação de seus seguidores. O que precisamos esclarecer é se o tal anel PODERIA existir ou não.
A idéia não é tão absurda, a própria Terra tem os cinturões de Van Allen (são dois), um enorme manto de radiação que envolve todo o planeta. É formado por partículas carregadas (elétrons e prótons com alta energia) retidas pelo campo magnético da Terra, a magnetosfera. Foram descobertos pelo satélite americano Explorer I em 1958, e outros satélites da mesma série registraram dados que permitiram a determinação de suas dimensões e outras características.
Não se trata de um anel, mas o escritor alemão quase acertou esse conceito. Infelizmente também fez uma grande confusão, pois transformar um cinturão de radiações em um anel de fótons não faz qualquer sentido. São duas coisa bem diferentes, como veremos.
PONTO 3
Aqui os esotéricos fizeram uma enorme confusão. Em 1961 os cinturões de Van Allen ainda eram uma novidade e se prestavam a interpretações fantasiosas. As duas cápsulas do Projeto Mercury lançadas em 1961 (maio, astronauta Alan B. Shepard e julho, astronauta Virgil Grissom) levavam instrumentos para medir as esperadas radiações, nenhum mistério nisso. O manto de radiação que envolve a Terra é um perigo real para os astronautas, e uma solução para o problema é fazer os lançamentos através de “janelas” onde o nível de radiação seja menor. Nunca existiu nenhuma “radiação misteriosa” descoberta por satélites em 1961 ou relatada por astronautas. Os esotéricos interpretaram a descoberta dos cinturões de Van Allen como sendo a confirmação da existência do cinturão de fótons!
PONTO 4
Em parte está correto, pois os fótons são as “unidades de energia” ou quanta da radiação eletromagnética. Mas não são produto da decomposição ou divisão dos elétrons.
Quanto maior a freqüência da onda, maior a energia de seus fótons. No extremo inferior (menores freqüências) do espectro eletromagnético temos as ondas de rádio, e no extremo superior (maiores freqüências), as ondas ultravioleta, os raios-X e os mortais raios gama. Cada vez que nos expomos à luz somos bombardeados por uma chuva de fótons.
Aí é que aparece o grande equívoco do anel de fótons. Pois os fótons não tem carga elétrica e portanto não são afetados por campos eletromagnéticos. O campo magnético de um planeta ou estrela não pode criar um “cinturão de fótons” como faz com elétrons e prótons. Os fótons são afetados por campos gravitacionais, mas para produzir uma curva fechada ou anel, teríamos que pensar em um buraco negro, nunca uma estrela. Podemos imaginar uma esfera de fótons (não um anel) envolvendo totalmente um buraco negro. Em um dos sites que encontrei há o desabafo de um esotérico, afirmando que o cinturão de fótons só pode ser visto pela percepção astral, e que os instrumentos da nossa pseudo-ciência (!?) jamais o encontrarão. Entendi que o tal cinturão é muito especial, seus fótons não são os vulgares que a Ciência conhece, são talvez “fótons astrais” ou “fótons de energia cósmica multidimensional”. Parece que alguns esotéricos já estão tratando de colocar os objetos que sustentam suas crenças a salvo no Plano Astral, bem longe da nossa diabólica Ciência, que se aferra teimosamente a chatíssimas evidências concretas e a tediosos e complicados cálculos matemáticos.
PONTO 5
Aqui não há muito o que analisar, pois a órbita de 26.000 anos não existe, assim como o cinturão de fótons. Só precisamos notar que nenhuma radiação conhecida da Ciência pode produzir a transmutação da matéria tal como descrita. A idéia só se sustenta se a pessoa admitir a existência de uma forma de energia desconhecida da Ciência. É uma questão de fé, mas aí caímos na idéia dos “fótons astrais” que mencionei antes. Alguns esoteristas parecem seguir essa linha, pois encontrei na Internet afirmações como “a radiação do cinturão de fótons é a radiação manásica” e “o cinturão de fótons pertence à consciência da 5ª dimensão”. Em outras palavras, o cinturão de fótons existe, e pronto, estamos conversados! Se a Ciência não é capaz de encontrá-lo, pior para ela! Ele está lá, no Plano Astral, na 5ª dimensão, na 15ª dimensão, ou em qualquer outro lugar. O que impressiona é o arcaísmo de tudo isso, o desinteresse em atualizar os conhecimentos. Um livro publicado em 1949 com fantásticas idéias jamais comprovadas, exerce efeito 60 anos depois apenas por falta de espírito crítico e da credulidade das pessoas. No Ponto 3 vimos que uma confusão de idéias em 1961 (48 anos atrás) perdura até hoje no meio esotérico. Atualmente, a Ciência já derrubou todas as falácias contidas nas idéias de Hesse e de seus seguidores.
Nota Jcnavegador: Na irradiação dos fótons... para quem se molhou com a água da chuva, preste atenção nos sentidos do corpo revigorado...
What's Up, descreve sobre a historias das constelações fugindo da tradicional mitologia grego/latina e sim por outros povos, mais precisamente as nações indígenas americanas e um pouco das aborígenes Australiana
sexta-feira, 29 de julho de 2011
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