sexta-feira, 3 de setembro de 2010
134. Que eu perceba o perdão tal como é.
Revisemos o significado do “perdão”, pois esse pode ser distorcido e percebido como algo que implica o sacrifício indevido de uma ira justa, uma dádiva injustificada e imerecida e a negação completa da verdade. Sob esse ponto de vista, o perdão tem que ser visto como uma mera loucura excêntrica e esse curso parece basear a salvação num capricho.
Essa perspectiva distorcida do que significa o perdão é facilmente corrigida quando podes aceitar o fato de que o perdão não é pedido para o que é verdadeiro. Ele tem que se limitar ao que é falso. É irrelevante em relação a tudo, exceto ilusões. A verdade é a criação de Deus e perdoá-la nada significa. Toda a verdade pertence a Ele, reflete as Suas leis e irradia o Seu Amor. E isso precisa de perdão? Como podes perdoar àqueles que não têm pecado e que são eternamente benignos?
A tua principal dificuldade em achar um perdão genuíno da tua parte é que ainda acreditas ter que perdoar a verdade e não ilusões. Concebes o perdão como uma vã tentativa de passar por cima do que existe, ignorar a verdade num esforço injustificado de enganar-te fazendo com que uma ilusão seja verdadeira. Esse ponto de vista distorcido reflete apenas o domínio que a idéia do pecado ainda tem sobre a tua mente, do modo como tu te consideras.
Por acreditares que os teus pecados são reais, olhas para o perdão como um engano. Pois é impossível pensar que o pecado é verdadeiro e não acreditar que o perdão é uma mentira.
Assim realmente o perdão não passa de um pecado, como todo o resto. Ele diz que a verdade é falsa e sorri para os corruptos como se fossem tão irrepreensíveis quanto a grama, tão brancos como a neve. Ele é delusório naquilo que pensa poder realizar. Ele quer ver o que é claramente errado como certo, o desprezível como bom.
Desse ponto de vista, o perdão não é um modo de escapar. É apenas mais um sinal de que o pecado é imperdoável; na melhor das hipóteses a ser escondido, negado ou chamado por outro nome, pois o perdão é uma traição à verdade. A culpa não pode ser perdoada. Se pecas, a tua culpa é eterna.
Aqueles que forem perdoados a partir do ponto de vista de que os seus pecados são reais, são deploravelmente ridicularizados e duplamente condenados; primeiro, por si mesmos,
pelo que pensam ter feito e mais uma vez por aqueles que os perdoam.
É a irrealidade do pecado que faz com que o perdão seja natural e totalmente são, um profundo alívio para aqueles que o oferecem e uma bênção serena aonde é recebido. Ele não favorece ilusões, apenas as recolhe despreocupadamente, com um pequeno sorriso e as deposita gentilmente aos pés da verdade. E lá elas desaparecem por completo.
O perdão é a única coisa que representa a verdade nas ilusões do mundo. Ele vê a sua nulidade e olha através das milhares de formas nas quais podem aparecer. Ele olha a mentira, mas não é enganado. Não atende aos gritos auto-acusadores de pecadores enlouquecidos pela culpa.
Ele olha para eles com olhos serenos e lhes diz apenas: “Meu irmão, o que pensas não é a verdade.”
A força do perdão está na honestidade que lhe é própria, tão incorrupta que vê as ilusões como ilusões e não como verdade. É por isso que ele vem a ser aquele que desfaz o engano diante das mentiras, o grande restaurador da simples verdade. Através da sua capacidade de não ver o que não existe, ele abre o caminho para a verdade que havia sido bloqueada por sonhos de culpa.
Agora és livre para seguir no caminho que o teu verdadeiro perdão abre para ti.
Pois, se um irmão recebe esta dádiva tua, a porta está aberta para ti mesmo.
Há uma maneira muito simples de achar a porta do perdão verdadeiro e percebê-la aberta de par em par para dar boasvindas.
Quando te sentires tentado a acusar alguém de haver pecado em qualquer forma que seja, não deixes a tua mente se deter sobre o que pensas que ele fez, pois isso é auto-engano.
Ao invés disso, pergunta: “Eu me acusaria por fazer isso?”
Dessa forma, verás as alternativas para a escolha em termos que a tornam significativa e que mantêm a tua mente tão livre de culpa e de dor quanto o próprio Deus pretendia que fosse e como é na verdade. Só as mentiras querem condenar. Na verdade, a inocência é a única coisa que existe. O perdão está entre as ilusões e a verdade, entre o mundo que vês e o que
está além, entre o inferno da culpa e a porta do Céu.
Através da ponte, tão poderosa quanto o Amor que depositou sobre ela a própria bênção, todos os sonhos do mal, de ódio e de ataque são silenciosamente trazidos à verdade. Eles não são mantidos para se expandirem, provocarem tumultos e aterrorizarem o tolo sonhador que acredita neles.
Esse foi gentilmente despertado do seu sonho pela compreensão de que o que ele pensava ter visto, nunca existiu. E agora não pode sentir que todas as possibilidades de escapar lhe foram
negadas.
Ele não tem que lutar para se salvar. Não tem que matar os dragões que o perseguiam em seus pensamentos. E nem precisará erguer os pesados muros de pedra e as portas de ferro que o manteriam a salvo em seus pensamentos. Ele pode retirar a pesada e inútil armadura feita para acorrentar a sua mente ao medo e à miséria. O seu passo é leve e quando levanta o pé para avançar mais um passo, deixa uma estrela para trás, para indicar o caminho àqueles que o seguem.
O perdão tem que ser praticado, pois o mundo não pode perceber o seu significado, nem prover um guia para te ensinar as suas beneficências. Não existe em todo o mundo nenhum pensamento que conduza à menor compreensão das leis que ele segue e do Pensamento que ele reflete.
Ele é tão alheio ao mundo quanto a tua própria realidade. E, no entanto, une a tua mente à realidade em ti.
Hoje praticamos o verdadeiro perdão para que não seja mais adiado o momento da união. Pois queremos nos encontrar com a nossa realidade em liberdade e em paz. A nossa prática vem a ser a marca dos nossos passos que iluminam o caminho para todos os nossos irmãos, que nos seguirão até a realidade que compartilhamos com eles. Para que isso possa ser realizado, vamos dar quinze minutos por duas vezes hoje e passá-los com o Guia Que entende o significado do perdão
e Que nos foi enviado para ensiná-lo. Vamos pedir-Lhe:
Que eu perceba o perdão tal como é.
Em seguida, escolhe um irmão conforme a orientação que Ele vai te dar e enumera os seus “pecados” um por um, à medida que passam pela tua mente. Certifica-te de não te deteres em nenhum, mas reconhece que só estás usando as suas “ofensas” para salvar o mundo de todas as idéias de pecado. Reflete brevemente sobre todas as coisas ruins que pensaste sobre ele e, a cada vez, pergunta a ti mesmo: “Eu me condenaria por fazer isso?”
Deixa que ele seja libertado de todos os pensamentos de pecado que tinhas em relação a ele.
E agora estás preparado para a liberdade. Se, até esse momento, tiveres praticado com disponibilidade e honestidade, começarás a notar uma sensação de elevação, uma diminuição do peso sobre o teu peito, um sentimento de alívio nítido e profundo.
O tempo remanescente deve ser dado a experimentar o fato de que escapaste de todas as pesadas correntes que buscaste colocar sobre o teu irmão, mas que foram colocadas sobre ti mesmo:
Que eu perceba o perdão tal como é. Eu me acusaria por fazer isso? Não colocarei essa corrente sobre mim mesmo. Em tudo o que fizeres lembra-te disso:
Ninguém é crucificado sozinho, e no entanto ninguém pode entrar no Céu por si mesmo.
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