sexta-feira, 3 de setembro de 2010

136. A doença é uma defesa contra a verdade.


Ninguém pode curar a menos que compreenda a que propósito a doença parece servir. Pois só então compreende também que o seu propósito não tem significado. Não tendo causa ou qualquer intenção significativa, a doença não pode existir de forma alguma. Uma vez que isso é visto, a cura é automática. Ela dissipa essa ilusão sem significado pelo mesmo enfoque com que leva todas as ilusões à verdade e simplesmente as deixa lá para que desapareçam.

A doença não é um acidente. Como todas as defesas, é mais um instrumento insano para o auto-engano. E como todas as demais, o seu propósito é esconder a realidade, atacá-la, modificá-la, torná-la inepta, deturpá-la, distorcê-la ou reduzi-la a uma pequena pilha de partes desagrupadas. O objetivo de todas as defesas é o de impedir que a verdade seja íntegra.

As partes são vistas como se cada uma fosse íntegra dentro de si mesma.

As defesas não são involuntárias, nem são feitas sem consciência. São varas de condão mágicas e secretas que manipulas quando a verdade parece ameaçar aquilo em que queres acreditar.

Só parecem ser inconscientes por causa da rapidez com que escolhes usá-las. Naquele segundo, ou até menos, em que a escolha é feita, reconheces exatamente o que queres tentar fazer e passas, então, a pensar que já está feito.

Quem mais, senão tu mesmo, avalia a ameaça, decide que é necessário escapar e estabelece uma série de defesas para reduzir a ameaça que foi julgada real? Tudo isso não pode ser feito inconscientemente. Mas depois o teu plano requer que esqueças que foste tu que o fizeste, de modo que ele pareça estar fora da tua própria intenção, um acontecimento além do teu estado mental, um resultado com efeitos reais sobre ti, ao invés de efetuado por ti mesmo.

É esse rápido esquecimento do papel que desempenhas em fazer a tua “realidade” que faz com que as defesas pareçam estar além do teu próprio controle. Mas o que tens esquecido pode ser lembrado, se estiveres disposto a reconsiderar a decisão duplamente oculta pelo esquecimento.

Não lembrar-te disso é apenas um sinal de que essa decisão ainda está em vigor no que concerne aos teus desejos. Não te equivoques a esse respeito, tomando isso por fato. As defesas não podem
deixar de fazer com que os fatos sejam irreconhecíveis. É o seu objetivo ao fazer isso e é o que fazem.

Toda defesa toma os fragmentos do todo, reúne-os sem considerar todos os seus relacionamentos verdadeiros e assim constrói ilusões de um todo que não existe. É esse processo que constitui a ameaça e não qualquer resultado que possa vir em decorrência. Quando as partes são arrancadas do todo, vistas como separadas e íntegras em si mesmas, vêm a ser símbolos que representam o ataque ao todo; seu efeito é bem-sucedido e elas jamais serão vistas como um todo novamente.

E, no entanto, tu esqueceste que representam apenas a tua própria decisão do que deveria ser real para tomar o lugar do que é real.

A doença é uma decisão. Não é uma coisa que te acontece, que absolutamente não buscaste, que faz com que fiques fraco e te traz sofrimento. É uma escolha que fazes, um plano que traças quando por um instante a verdade surge na tua mente iludida e todo o teu mundo parece vacilar e se preparar para cair. Agora estás doente, para que a verdade possa ir embora e parar de ameaçar aquilo que estabeleceste.

Como pensas que a doença pode ter sucesso em proteger-te da verdade? Porque ela prova que o corpo não é separado de ti e assim tens que estar separado da verdade. Sofres dor porque o corpo sofre e nessa dor te fazes um com ele. Assim, a tua “verdadeira” identidade é preservada e o estranho pensamento que te persegue de que possas ser algo além desse pequeno monte de pó é silenciado e pára. Pois vejas, esse pó pode fazer-te sofrer, torcer os teus membros e parar o teu coração, ordenando-te que morras e deixes de ser.

Assim o corpo é mais forte do que a verdade que te pede que vivas, mas que não pode superar a tua escolha de morrer. E, desse modo, o corpo é mais poderoso do que a vida eterna, o Céu mais frágil do que o inferno e ao desígnio de Deus para a salvação do Seu Filho se opõe uma decisão mais forte do que a Sua Vontade. O Filho de Deus é pó, o Pai incompleto e o caos senta-se em triunfo no trono de Deus.

Tal é o teu plano para a tua própria defesa. E acreditas que o Céu recua diante de ataques loucos como esses, que Deus se torna cego pelas tuas ilusões, que a verdade é transformada em mentiras e que todo o universo é feito escravo de leis que as tuas defesas querem lhe impor.

Mas quem acredita em ilusões, senão aquele que as inventou? Quem mais pode vê-las e reagir a elas como se fossem a verdade?

Deus desconhece os teus planos para mudar a Sua Vontade. O universo continua a não ver as leis com as quais pensavas governá-lo. E o Céu não se curvou ao inferno, nem a vida à morte.

Tu só podes escolher pensar que morres, sofres doenças ou deturpas a verdade de qualquer forma que seja. O que foi criado está à parte de tudo. Defesas são planos para derrotar o que não pode ser atacado. O que é inalterável não pode mudar. E o que é totalmente impecável não pode pecar.

Tal é a simples verdade. Ela não faz apelos para o poder ou para o triunfo. Não ordena a obediência, nem busca provar quão deploráveis e fúteis são as tuas tentativas de planejar defesas que querem alterá-la. A verdade quer apenas te dar felicidade, pois tal é o teu propósito. Talvez ela suspire um pouco quando jogas fora as suas dádivas, mas sabe, com
perfeita certeza que aquilo que é a Vontade de Deus para ti tem que ser recebido.

É esse fato que demonstra que o tempo é uma ilusão. Pois o tempo permite que penses que o que Deus tem te dado não é a verdade agora, como tem que ser. Os Pensamentos de Deus estão bem à parte do tempo. Pois o tempo não passa de mais uma defesa sem sentido que fizeste contra a verdade. No entanto, o que é a Sua Vontade está aqui e tu permaneces tal como Ele te criou.

A verdade tem um poder que vai muito além das defesas, pois nenhuma ilusão pode permanecer onde foi permitido à verdade entrar. E ela vem a cada mente que queira abaixar as armas e parar de brincar com a loucura. Ela pode ser encontrada em qualquer momento, hoje, se escolheres praticar dar boas vindas à verdade.

Esse é o nosso objetivo hoje. E daremos duas vezes quinze minutos para pedir à verdade que venha a nós e nos liberte. E a verdade virá, pois nunca esteve à parte de nós. Ela espera apenas por esse convite que lhe fazemos hoje. Nos a introduzimos através de uma prece de cura, para que nos ajude a erguermo-nos acima da defensividade e deixarmos a verdade ser como sempre foi:

A doença é uma defesa contra a verdade. Aceitarei a verdade do que sou, e hoje deixarei minha mente ser totalmente curada.

A cura brilhará através da tua mente aberta, à medida que a paz e a verdade surgirem para tomar o lugar da guerra e das imaginações vãs. Não haverão cantos escuros que a doença possa ocultar e manter defendidos da luz da verdade. Não haverão mais figuras vagas procedentes dos teus sonhos, nem tampouco as perseguições obscuras e sem significado com seus propósitos duplos que são buscados de forma insana; nada disso permanecerá na tua mente. A tua mente será curada de todos os desejos doentios que tentou autorizar o corpo a obedecer.

Agora o corpo está curado, porque a fonte da doença foi aberta para o alívio. E reconhecerás que praticaste bem por isso:

o corpo não deve sentir nada. Te tiveres tido êxito, não haverá nenhuma sensação de mal ou bem-estar, de dor ou de prazer. Não há absolutamente nenhuma resposta na mente para o que o corpo faz. Só a sua utilidade permanece e nada mais.

Talvez não reconheças que isso remove os limites que havias imposto ao corpo através dos propósitos que lhe deste. Ao deixares esses propósitos de lado, a força que o corpo tem será sempre suficiente para servir a todos os propósitos verdadeiramente úteis.

A saúde do corpo está inteiramente garantida, pois não é limitada pelo tempo, pelo clima, ou pelo cansaço; pela comida ou pela bebida ou por qualquer lei que o tenhas feito obedecer anteriormente. Agora não precisas fazer nada para deixá-lo bem, pois a doença veio a ser impossível.

Mas essa proteção necessita ser preservada por uma vigilância cuidadosa. Se deixares a tua mente nutrir pensamentos de ataque, ceder ao julgamento ou fazer planos contra as incertezas porvir, mais uma vez terás posto a ti mesmo no lugar errado e feito uma identidade corporal que atacará o corpo, pois a mente está doente.

Dá-lhe remédio imediato se isso ocorrer, não deixando que a tua defensividade te fira mais.

Não confundas o que tem que ser curado, mas dize a ti mesmo:

Esqueci-me do que realmente sou, pois confundi o meu corpo comigo mesmo. A doença é uma defesa contra a verdade. Mas eu não sou um corpo. E a minha mente não pode atacar. Portanto, não posso estar doente.

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