sexta-feira, 3 de setembro de 2010
133. Não darei valor às coisas que não têm valor.
Às vezes, no ensino há benefício em trazer o aluno de volta a interesses práticos, particularmente depois de teres ensinado o que parece ser teórico e distante do que o aluno já aprendeu. É o que faremos hoje. Não falaremos de elevadas idéias que abrangem o mundo, mas, ao invés, disso nos deteremos nos benefícios para ti.
Tu não pedes muito da vida, mas pouco demais. Quando deixas que tua mente seja atraída para o que concerne ao corpo, por coisas que compras, por prestígio tal como é valorizado pelo mundo, estás pedindo o pesar e não a felicidade. Esse curso não tenta tirar de ti o pouco que tens.
Não tenta substituir as satisfações que o mundo contém com idéias utópicas.
Não há nenhuma satisfação no mundo.
Hoje vamos enumerar os critérios reais pelos quais pode-se testar tudo aquilo que pensas querer.
Se não preencherem esses requisitos básicos, não são dignos de serem desejados de forma alguma, pois só podem ocupar o lugar daquilo que oferece mais. Não podes fazer as leis que governam a escolha, da mesma forma que não podes inventar alternativas entre as quais escolher.
O que podes fazer é escolher, aliás, é o que tens que fazer. Mas é sábio aprender as leis que pões em movimento ao escolheres e as alternativas entre as quais escolhes.
Já enfatizamos que só existem duas alternativas, independente de quantas pareçam haver.
O raio de ação foi estabelecido e isso nós não podemos mudar. Seria muito pouco generoso para contigo deixar que as alternativas fossem ilimitadas e, assim, protelar a tua escolha final até que tivesses considerado todas elas no tempo, ao invés de seres trazido de forma tão
clara ao lugar onde só há uma escolha que não pode deixar de ser feita.
Outra lei benigna relacionada a isso é que não há transigências naquilo que a tua escolha necessariamente traz. Ela não pode te dar só um pouco, pois não há meio termo. Cada escolha que fazes te traz tudo ou nada. Portanto, se aprenderes os testes pelos quais podes distinguir o tudo do nada, farás a melhor escolha.
Primeiro, se escolheres uma coisa que não vá durar para sempre, o que escolhes não tem valor.
Um valor temporário não tem nenhum valor. O tempo nunca poderá tirar um valor que é real.
Aquilo que murcha e morre nunca existiu e não faz nenhuma oferenda àquele que o escolhe.
Ele é enganado pelo nada sob uma forma da qual pensa gostar.
Em seguida, se escolheres tirar alguma coisa de alguém, não ficarás com nada.
Isso porque ao negares o seu direito a todas as coisas, negaste o teu próprio.
Portanto, não reconhecerás as coisas que realmente tens, negando que elas existam.
Aquele que busca tirar foi enganado pela ilusão de que a perda pode oferecer o ganho.
Mas a perda não pode deixar de oferecer perda, e nada mais.
A tua próxima consideração é aquela em que se baseiam as outras.
Por que a escolha que fazes tem valor para ti?
O que atrai a tua mente para ela? A que propósito ela serve? É aqui que se é mais facilmente enganado. Pois o ego falha em reconhecer o que quer. Ele nem diz a verdade tal como a percebe, pois precisa manter a auréola que usa para proteger as suas metas, não deixando que fiquem manchadas e enferrujadas para que possas ver o quanto ele é “inocente”.
No entanto, a sua camuflagem é um verniz fino que só pode enganar àqueles que se contentam em ser enganados. As suas metas são óbvias para qualquer um que se dê ao trabalho de procurá-las.
Aqui, o engano é duplo, pois aquele que é enganado não perceberá que apenas falhou em ganhar. Ele acreditará que serviu às metas ocultas do ego.
Mas, embora ele tente manter a auréola do ego com clareza na própria visão, não pode deixar de perceber as suas bordas manchadas e o seu núcleo enferrujado. Os seus equívocos sem efeito lhe parecerão pecados, pois olha para essa mancha como se fosse sua e para a ferrugem como um sinal de uma profunda falta de valor dentro de si mesmo. Aquele que ainda preserva as metas do ego e as serve como suas, não comete equívocos segundo os ditames do seu guia.
Esse guia ensina que é um erro acreditar que pecados não passam de equívocos, pois quem sofreria pelos seus pecados se assim fosse?
E, assim, vimos ao critério de escolha mais difícil de se acreditar, pois a sua evidência está encoberta por muitos níveis de obscuridade. Se sentes qualquer culpa pela tua escolha, permitiste que as metas do ego se interpusessem entre as alternativas reais.
E, assim, não reconheces que só há duas e a alternativa que pensas ter escolhido te parece
amedrontadora e por demais perigosa para ser o nada que, de fato, é.
Todas as coisas têm ou não valor, são ou não são dignas de serem buscadas seja como for; são inteiramente desejáveis ou não valem o menor esforço para obtê-las. Escolher é fácil só por causa disso. A complexidade nada mais é do que um véu de fumaça que esconde o fato muito simples de que nenhuma decisão pode ser difícil. O que ganhas aprendendo isso?
Muito mais do que apenas te permitires fazer tuas escolhas com facilidade e sem dor.
O próprio Céu é alcançado com mãos vazias e mentes abertas, que vêm sem nada para tudo achar, reivindicando tudo como seu. Hoje tentaremos alcançar esse estado, deixando o auto-engano de lado, com uma honesta disponibilidade para só dar valor ao que é verdadeiramente valioso e real.
Os nossos dois períodos de prática prolongados, de quinze minutos cada um, começam com isso:
Não darei valor àquilo que não tem valor, e só busco o que tem valor, pois é só isso que desejo achar.
E então recebe aquilo que espera por todo aquele que alcança, sem cargas, a porta do Céu que se abre à medida que ele vem. Se começares a te permitir colecionar alguns fardos inúteis, ou acreditar que vês algumas decisões difíceis à tua frente, sê rápido em responder com esse simples pensamento:
Não darei valor àquilo que não tem valor, pois o que tem valor pertence a mim.
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